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Entendendo as Travessuras da Menina Má

  • Natália Mariotto
  • 9 de jun. de 2015
  • 3 min de leitura

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Para quem gosta de literatura, lá vai uma dica!

Intrigante e surpreendente são palavras que definem “As Travessuras da Menina Má”. Escrito por Mário Vargas Llosa e publicado no Brasil em 2006, é um romance nada convencional. Uma história narrada em primeira pessoa pelo personagem Ricardo Somocurcio, que relata em forma retrospectiva, sua vida num período de 40 anos, ilustrando sua eterna busca pelo amor de Lily, a “Menina Má”, uma mulher misteriosa que é capaz de tudo para conseguir o que almeja. Entre encontros e desencontros, o percurso do personagem peruano é relatado em meio a trajetórias de grandes conflitos, fazendo um paralelo com o contexto político, econômico e social de cada país que ambos percorrem.

A obra, de conteúdo bastante complexo, começa a ser contada na década de 50 no Peru quando, ainda jovem, Ricardo conhece a Menina Má, iniciando o seu desassossego. Esse fato dá início à estória que é conduzida, sobretudo, pelas tramas da “Chilenita”, um dos apelidos designados à Lily, que interliga a de Ricardo, juntamente com os países em que ambos percorrem por meio dos vários maridos que a personagem adquire no decorrer dos anos. Esta possui uma narrativa independente em cada capítulo, não havendo assim uma única história, já que estas começam e terminam no mesmo.

Mesmo sendo uma narrativa bastante previsível, principalmente no começo do livro, o autor consegue de maneira assídua, nos surpreender e não cair em um clichê romântico, nos fazendo criar empatia com o personagem Ricardo, mesmo estando em situação de vulnerabilidade e submissão consentida.

Ao observar a forma pela qual o autor opta por contar a história, percebe-se que a mesma é conduzida por lembranças do personagem peruano, levando assim, o inicio do livro a ser retratado de maneira mais rápida e conforme o desenrolar da história, a maior quantidade de detalhes é preservado.

A verossimilhança também está em seu conteúdo. Vargas Llosa descreve de maneira bastante complexa e detalhista, as cidades e países pelos quais os personagens passam, fazendo com que o leitor visualize mentalmente e esteja em total contato com a cena em questão. A transculturação também é bastante perceptível. Conforme a “Menina Má” muda de país, maridos e nomes; sua cultura e personalidade modificam também, de acordo com o lugar em que está inserida. Mas, mesmo com tais mudanças, a personagem nunca deixa de lado sua essência, em que ao mesmo tempo que gera reprovações e julgamentos com suas atitudes e valores deturpados, nos surpreende e intriga, trazendo um sentimento de admiração por sua autossuficiência, audácia e segurança.

Além de o autor nos surpreender com a narrativa ficcional, em que interliga as histórias de Ricardo e de Lily, inserindo também, sempre que possível a da política do Peru; nos faz envolver com os contextos históricos reais de cada país retratado. Em cada capítulo, são descritos os lugares em que a narrativa se encontra a partir do Peru na década de 50, em seguida na França e Cuba em 60, Inglaterra no início de 70 e ainda, Japão início de 80 e Espanha final de 80; trazendo em seu conteúdo características e descrições das épocas em questão.

O autor, também peruano, de “Conversas na Catedral” e “Civilização do Espetáculo”, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, faz, ao longo da obra, uma catarse no leitor com a história e conflitos internos do personagem Ricardo, levando o final a não ser diferente. Com bastante astúcia, Vargas Llosa termina a obra de maneira mais uma vez surpreendente e intrigante.

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Mário Vargas Llosa


 
 
 

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