Respeitável público, o espetáculo vai começar!
- Natália Mariotto
- 13 de jun. de 2015
- 4 min de leitura
Quem nunca foi ao Circo pelo menos uma vez na vida? Todos nós, mesmo se ainda não houve a oportunidade, temos alguma lembrança que nos remeta a esse fantástico mundo da fantasia e acrobacias.
A vida circense como todos nós sabemos e imaginamos, exige muita dedicação, disciplina e amor. Não é nada fácil o dia a dia desses artistas inatos. Para saber mais, fui acompanhar um dia de apresentação do Circo dos Sonhos, com a parceria do Marcos Frota, que atualmente está no Shopping Dom Pedro.

Circo dos Sonhos Foto: Natália Mariotto
Entre, ginastas, bailarinos, palhaços e atores; muita energia e alegria estão por traz. Os artistas apresentam-se mostrando toda a garra e talento disponíveis. E para quem acha que é só se apresentar, está enganado. Há toda uma preparação para o grande espetáculo.
Os artistas do circo treinam todos os dias pelo menos três horas diárias, e quando os números requerem um maior nível de dificuldade, eles chegam a treinar cinco horas por dia. O espetáculo fica em média entre quatro e seis semanas nas grandes cidades e apenas alguns dias nas pequenas.

Acrobata em apresentação. Foto: Natália Mariotto
Moradia
Há aqueles que possuem sua morada dentro do grande espetáculo. Estes ficam instalados em trailers e viajam com o circo a cada vez que o mesmo sai de uma cidade para se estabelecer em outra. Geralmente, são artistas que já nasceram dentro do circo, cujas famílias já são do circo. Roni Petterson, acrobata responsável pelo número da Parada Olímpica e pela estrutura geral do circo, contou que seus pais e seus nove irmãos também trabalham em circos espalhados pelo Brasil e também no exterior, e falou que não sabe fazer outra coisa a não ser estar no circo.
“Eu nasci dentro de uma barraca de circo, nasci e fui criado em circo, nunca sai de dentro do circo [...] O circo tem seus prós e seus contras, eu não sei quais os contras (risos), porque nunca sai do circo. Eu trabalho numa coisa que eu amo, então tudo que eu faço acaba saindo bem feito, porque é o que eu gosto, o que eu gosto de fazer é o circo, não sei fazer outra coisa.”

Roni após sua apresentação, no camarim. Foto: Leonardo Mariotto
Foto: Leonardo Mariotto

Gleice Tito (20) possui uma história semelhante, ela contou que sua família também é de um circo e acabou seguindo a carreira.
“Nasci e fui criada no circo, então a cidade lá fora, o mundo assim eu nunca vivi, minha vida sempre foi o circo. E é sempre viajando, cada mês em uma cidade, em uma escola diferente.”
A menina, que faz a personagem principal da apresentação, diz que além de fazer a parte do teatro no espetáculo, faz também tecido aéreo, e o mais curioso: ela tem medo de altura!
Gleice mora em um dos trailers e se muda junto com o circo, todo mês.
Não são todos que moram no circo. Alguns possuem casas em cidades diversas e quando o evento se muda para outra cidade, acompanham e ficam em hotéis pagos pelo próprio estabelecimento. Thaiana Coutinho dos Santos é um exemplo disso. Responsável pelas acrobacias aéreas (tecido) e, formada em educação física, ela conta que acompanha o circo para onde ele for.
“Eu fico no hotel, então cada praça (lugar) que a gente vai, o circo aluga um hotel para as pessoas que não tem um trailer, então a gente fica hospedado.”

Thaiana conta que a cada viagem ganha novas experiências e amigos novos. Foto: Leonardo Mariotto
Gratificação
Os artistas desafiam-se o tempo todo, mas não escondem a gratificação ao se apresentar, depois de quase um ano de treinando e ensaios. André Ventura (26) – mágico, malabarista e acrobata - falou que quando se corre atrás dos sonhos, é necessário abrir mão de várias coisas, como ficar longe da família; mas isso não é um empecilho, principalmente depois dos aplausos.
“Escutar o aplauso da galera, do público [...] é uma recompensa muito grande”.

André fazendo seu número de magia. Foto: Natália Mariotto
O Circo
O Circo dos Sonhos produz um espetáculo novo a cada ano, sempre voltado para a família e com o objetivo de levar cultura e divertimento para as cidades. Ao todo são três circos, porém dois estão em apresentação. Além deste instalado no Shopping Dom Pedro, também há o “Mundo da Fantasia”, atualmente no Rio de Janeiro, com diferentes espetáculos.
Hoje em dia para trabalhar no circo, não é mais necessário possuir família neste ramo, já que existem escolas especializadas nesta área. Antigamente o processo era mais restrito, em que se passavam as funções hereditariamente. O Circo dos Sonhos, todo ano realiza audições para descobrir novos talentos, como bailarinos, acrobatas, entre outros profissionais, dependendo do espetáculo. Wander Rabelo, diretor artístico e mágico, explica que no circo há sempre experiências de apresentações novas e diz que isso é o que torna tudo tão fascinante.
“Todo dia é diferente, são pessoas diferentes, lidar com pessoas diferentes, público diferente, lugares diferentes, é uma maravilha viver dessa maneira, por isso que a gente é tão fascinado no circo.”
Para ele, a gratificação é a maior recompensa.
“O prazer é muito grande, é muito legal. [...] É bacana você trabalhar com esse público, com esse pessoal, porque você vê o olhar das crianças, o olhar do público com relação ao espetáculo, é gratificante.”

Wander ama o que faz, e não esconde isso. Foto: Leonardo Mariotto
Para o pessoal do circo, um desafio maior seria trabalhar em outro lugar.
Veja um vídeo mostrando um pouco do que os profissionais fazem durante o espetáculo.
Vídeo feito pela ApFilms mostrando os momentos mais emocionantes do espetáculo.
A motivação desses artistas é inspiradora. Se vocês gostaram das apresentações e ficaram curiosos e animados para prestigiar esses artistas, assessem o site do Circo dos Sonhos e confira os horários das apresentações! Mas corram porque logo logo o circo já vai estar em outro lugar!
Além disso, para quem se interessa pela área e gostaria de começar a treinar, aqui em Campinas têm algumas escolas especializadas, olha só:
Ainda falando sobre arte, não deixem de conferir as matérias Dançar é posível e Dança, canto e teatro: da Broadway pra Campinas.
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